Garrafas ao Mar é um projeto da Universidade das Quebradas, um curso de extensão do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Faculdade de Letras da UFRJ, coordenado pelas professoras Heloisa Buarque de Hollanda e Numa Ciro. Em parceria com o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE/UFRJ), a tecnologia se une à poesia — os trajetos das garrafas são rastreados por meio de dados científicos que revelam suas rotas e deslocamentos.
O Garrafas ao Mar nasce do gesto simbólico e ancestral de lançar uma mensagem ao oceano — uma ação que mistura desejo, incerteza e esperança. No projeto, cada garrafa é acompanhada em sua travessia, permitindo observar os caminhos imprevisíveis que as correntes constroem e as histórias que se cruzam em meio às marés. A imagem da garrafa à deriva, tão presente no imaginário humano, reflete a busca constante por contato e acolhimento: o encontro necessário com o outro.
Em parceria com o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE/UFRJ), a iniciativa combina arte, tecnologia e poesia. Com o uso de rastreamento avançado, é possível seguir o percurso real da garrafa e transformar esse movimento em um diálogo entre dados científicos e imaginação criadora. A cada novo deslocamento, o mar escreve uma narrativa única, unindo o acaso das ondas à intenção humana de comunicar-se além das fronteiras visíveis.
Dentro da garrafa seguem um mapa e um manifesto criados pelos quebradeiros, portadores de palavras e desejos de conexão. Frágil, mas persistente, ela simboliza o impulso de lançar-se ao desconhecido em busca de novos mundos possíveis — mundos em que o encontro, a partilha e a criação coletiva são faróis que iluminam a deriva de todos nós.
Galeria do Projeto
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O Mapa dos Quebradeiros registra marcas culturais das periferias e cria uma nova cartografia — múltiplas cidades dentro de uma mesma cidade. Esse mapa não se orienta pelo norte, mas pela linha do trem que liga as zonas urbanas e dá visibilidade a uma vida cultural intensa que escapa ao mapa oficial. Foram criados adesivos visuais que sintetizam cada forma de expressão pesquisada. O mapa, assim como a própria cidade, é sempre parcial, provisório e aberto ao que está por vir.
O manifesto quer expandir e contagiar as pessoas para a cidade que se quer: uma cidade melhor, mais bonita e mais digna. O Manifesto foi escrito no Laboratório de Linguagem e Expressão, uma das atividades da Universidade das Quebradas. Depois, o material foi recolhido e trabalhado pelos artistas pesquisadores que deram movimentos e cores às frases. É uma forma de expressão que sai da ordem do sonho e busca provocar outras versões para a realidade. Uma prática política de novas formas de convivência que faça e desfaça as fronteiras pela aproximação das diferenças.
Lançar uma garrafa ao mar é um gesto ancestral que atravessa culturas e gerações.
É um ato de fé, esperança e desejo de conexão — uma mensagem
enviada ao desconhecido, confiando nas correntes para que ela encontre seu destino.
Esse simbolismo poderoso representa nossa necessidade humana de comunicar,
compartilhar e sermos encontrados, mesmo diante da imensidão do oceano.
No projeto Garrafas ao Mar, cada garrafa carrega não apenas palavras, mas sonhos
de novas pontes entre mundos, culturas e pessoas. Ela é testemunha da força das marés,
da sabedoria das correntes e da persistência da voz humana que insiste em ecoar além das fronteiras.
Sensores de alta precisão monitoram cada movimento em tempo real
Dados científicos sobre padrões oceânicos e dispersão marítima
Arte e tecnologia unidos na jornada das mensagens oceânicas
"Cada garrafa à deriva carrega mais que palavras —
carrega a esperança de que o oceano nos una."